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Bebês arco-íris: entenda o que são e conheça histórias de famílias transformadas após a chegada deles

Mães relatam experiências de perdas gestacionais e como isso influenciou em suas vidas. Médica orienta dar tempo ao corpo e à mente antes uma nova gravidez....

Bebês arco-íris: entenda o que são e conheça histórias de famílias transformadas após a chegada deles
Bebês arco-íris: entenda o que são e conheça histórias de famílias transformadas após a chegada deles (Foto: Reprodução)

Mães relatam experiências de perdas gestacionais e como isso influenciou em suas vidas. Médica orienta dar tempo ao corpo e à mente antes uma nova gravidez. Ana Carolina e Valdevane comemoram suas bebês arco-íris Arquivo Pessoal/ Ana Carolina e Valdevane Quem não se alegra ao ver um arco-íris no céu após uma tempestade? O fenômeno nomeia o bebê arco-íris, ou seja, aquele que nasce após a perda de outro filho. O termo deriva do simbolismo do fenômeno meteorológico multicolorido que surge no céu após nuvens carregadas de chuva irem embora. Por isso, está associado à criança que chega aos braços de uma mãe após tentativas de gestação sem sucesso, muitas vezes marcadas por abortos espontâneos ou mortes prematuras. E ninguém espera perder um bebê cedo demais, seja durante a gestação ou logo após o nascimento. Para muitos, ter um filho significa uma transformação profunda na vida e envolve uma combinação de sentimentos, que vão do amor e da alegria até a responsabilidade e ao propósito. A experiência do luto marca a vida de muitos casais, mas principalmente das mães que podem vivenciar o momento em termos físicos, psicológicos e emocionais. ✅ Clique e siga o canal do g1 GO no WhatsApp A psicóloga Geórgia Bueno, com atuação nas áreas obstétrica, perinatal, parental e do luto gestacional e perinatal, ressalta que a chegada de um bebê arco-íris é, muitas vezes, marcada pela mistura paradoxal de alegria e medo. A maternidade, nesse caso, não recomeça do zero, ela continua a partir de uma história atravessada pela perda, segundo a profissional. “É como amar com cautela, tocar com receio, planejar com esperança entrecortada por lembranças”, afirmou Geórgia. A psicóloga comentou que algumas mães chegam a relatar culpa por sorrir, como se estivessem “traindo” o bebê que se foi. “Outras sentem uma ansiedade intensa, hipervigilância e dificuldade em relaxar durante a nova gestação”, pontua, afirmando que é fundamental a procura atendimento psicológico pela mãe que se sentir assim. LEIA TAMBÉM Apego emocional a bebê reborn fez casal entrar em disputa por boneca, diz advogada Troca de bebês em hospital de Inhumas: polícia conclui que não houve crime e pede arquivamento do caso Páscoa: Hospital realiza ensaio temático com bebês recém-nascidos, em Goiás Partidas e chegadas A personal trainer Ana Carolina Costa e a jornalista Valdevane Rosa vivenciaram histórias parecidas. Ambas tiveram duas perdas gestacionais antes de conseguirem ter um bebê em casa. Elas precisaram enfrentar o desafio em lidar com a despedida de filhos que sequer chegaram a conhecer. Ana Carolina relembra que recebeu muito apoio do marido, da mãe e das irmãs, quando passou por duas perdas gestacionais no período de três meses. “Eu fui bem acolhida, bem amparada, mas apoio específico terapêutico não busquei (...) mas eu tinha sempre pessoas, terapeutas próximos a mim, no meu trabalho, como alunos, e que foram me dando apoio de forma indireta”, ressaltou a personal. Após as perdas gestacionais durante os anos de 2021 e 2022, Valdevane descobriu que a causa dos abortos estava ligada a um mioma no útero e precisou passar cirurgia. Logo depois, engravidou novamente da Emanuela, hoje com 2 anos. “Por mais que você tenha fé, que você acredite e deseje muito aquilo, ter passado por duas perdas te deixa com uma certa insegurança, com um certo medo. Então, semana após semana eu agradecia, eu orava, pedia a Deus para que a minha gestação continuasse firme, que a minha filha nascesse com saúde, e graças a Deus deu certo”, pontua Valdevane. A jornalista afirma que a chegada da filha transformou sua vida por completo e que hoje está mais consciente das prioridades e do que realmente importa. “Ela é minha prioridade hoje, é a minha alegria, é o que ilumina nossa casa, nosso lar. Ela é realmente o meu bebê arco-íris, trouxe muita cor e luz para nossa família”, disse Valdevane, que afirma não se arrepender de todos os investimentos de tempo, emoções e dinheiro para ter a filha. Ana Carolina também ressaltou a importância de ter persistido em ser mãe e ter reescrito sua história ao ter dois filhos: Bárbara, hoje com 14 anos e Bruno, com 11. Quando a filha Bárbara nasceu, a personal entendeu que ali nasceu uma mãe com outro coração que batia fora do peito. Segundo ela, a maternidade representou uma segunda chance de fechar as feridas e se curar, ainda que nenhum filho substitua outro. “É indescritível, é muito bom (...) Vem uma alegria, um sentimento de poder nutri alguém (...) eu me lembro da sensação de estar no colo de Deus quando eu amamentava a Bárbara”, disse. Prematuridade Cleisse Alves venceu a prematuridade e comemora a maternidade Arquivo Pessoal/ Cleisse Alves De acordo com o Ministério da Saúde (MS), cerca de 340 mil bebês nascem prematuros no Brasil por ano. É considerado prematuro o bebê que nasce com menos de 37 semanas. Quanto menor a idade gestacional, maiores são os riscos desse bebê não sobreviver. A publicitária Cleisse Alves teve seu primeiro filho, Oliver, com apenas 26 semanas. Ele era um prematuro extremo, nascido em um parto de emergência e faleceu 17 dias após o nascimento. “Durante o tempo de UTI Neonatal não pude pegá-lo nos braços e fazia apenas as visitas das mamadas. Por ser final de pandemia, ele não pode receber outras visitas. Perdê-lo foi uma dor imensa. Nenhuma mãe pensa em voltar para casa sem o seu bebê no colo. É muito dolorido”, relembra. Quando engravidou novamente, vivenciou novamente um parto antes da hora. A bebê arco-íris Lia chegou prematura de 35 semanas, medindo 43cm e 2,08 quilos, mas não precisou de internação e recebeu alta junto com a mãe. “Foi um parto lindo, tranquilo, com uma equipe humanizada e cuidadosa. Meu esposo e eu chorávamos como criança, agradecidos a Deus pela benção recebida”, afirmou Cleisse concedeu entrevista ao g1 um dia antes do parto do seu segundo bebê arco-íris, Mathias, que nasceu forte e cheio de saúde. “É um misto de emoções e sentimentos por tudo o que já vivenciamos. Desta vez vencemos a prematuridade”, comemorou. Perda Gestacional De acordo com pesquisas, a perda gestacional de forma espontânea no Brasil é de aproximadamente 14%. No mundo, esse número chega a 15% de todas as gestações. “O aborto espontâneo é bem mais comum do que se imagina, ocorrendo em cerca de 15 a 20% das gestações confirmadas”. A fala é da médica ginecologista e obstetra Maria Luiza Barbacena e confirma os dados das pesquisas. “Esse percentual pode ser até maior. Isto porque, como a maioria dos casos acontece até a 12ª semana, bem no início da gravidez, muitas mulheres que abortam ainda nem sabiam que estavam grávidas”, explica Maria Luíza. A médica alerta que a dor emocional após um aborto pode ser intensa e variar de pessoa para pessoa. Ela explica que a experiência pode gerar uma série de emoções complexas, como luto, tristeza, raiva, culpa, ansiedade, depressão e até mesmo o transtorno de estresse pós-traumático, por isso é importante dar tempo ao corpo e à mente para se recuperar física e emocionalmente, antes de tentar uma nova gravidez. "Após um aborto, é importante procurar orientação médica para avaliar a saúde do útero e identificar possíveis causas. Exames podem ser necessários para identificar infecções, problemas de coagulação ou outras condições que possam estar afetando a fertilidade”, orientou a médica, lembrando ainda que hábitos saudáveis, exercícios físicos e dieta alimentar equilibrada são importantes para a saúde da mãe e do bebê. 📱 Veja outras notícias da região no g1 Goiás. VÍDEOS: últimas notícias de Goiás